quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Alunos do IFB são prestigiados pelo povo Yawalapíti em exposição



Por prof. Diego Sodré (Sociologia - IFB) e Heloísa Moreira de Souza (aluna do IFB)

No dia 2 de maio, alunos do ensino médio integrado (EMI) em Produção Audiovisual do campus Recanto das Emas - IFB (Instituto Federal de Brasília) - realizaram uma visita guiada à exposição “Yawalapíti – entre tempos”, localizada no Museu Nacional da República - DF - e realizada pela AYA (Associação Yawalapíti Awapa) e pelo fotógrafo Olivier Boëls. Destacando-se pela participação ativa dos Yawalapíti em guiar os visitantes, explicando cada fotografia, ao invés de um caraíba (não-indígena), a exposição foi pertinente por mostrar a cultura Yawalapíti e os conflitos socioambientais pela visão indígena, quase sempre ignorada historicamente pela sociedade brasileira.
Alunos sendo recebidos pelo Museu Nacional da República - DF
Alunos sendo recebidos no Museu Nacional da República - DF
Guiados pelo presidente da AYA, Walamatiu Yawalapíti, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco dos ritos, costumes e tradições deste povo, registrados em fotografias estonteantes, além de seus utensílios artesanais. Entre as fotos que mais chamaram a atenção, estão aquelas que retratam os ritos de passagem para a vida adulta, a luta huka-huka, o cotidiano das crianças e os rituais reservados às mulheres.
 
Foto de Olivier Böels retratando um ritual feminino
Realmente, a tônica da exposição está na relação íntima dos indígenas com a natureza, e na sua luta pela demarcação de terras com o objetivo de protegê-las da expansão do agronegócio, cujos impactos negativos, como o desmatamento e o envenenamento de nascentes, são registrados pelas lentes de Olivier Boëls. Nesse sentido, é pertinente a declaração crítica do guia Walamatiu: “Se você apoia o governo, a Natureza morre”.

Foto de Olivier Boëls retratando uma manifestação indígena no Planalto Central
Para a produtora Nísia, a exposição tem como principal objetivo proporcionar o conhecimento de outros povos, ampliando os horizontes do público. A ênfase no diálogo com os Yawalapíti na construção da oficina é, para ela, um grande diferencial do evento para alcançar tal empreitada, contrapondo-se à tendência de se realizar exposições de fotos sem a autorização ou sequer conhecimento dos nativos acerca do uso de imagens e construção das narrativas explicativas.

Alunos do IFB sendo guiados por Walamatiu
Adiante, Walamatiu destaca a importância do evento por divulgar a cultura Yawalapíti, contribuindo para sua valorização perante a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, o presidente da AYA reitera a finalidade da exposição em conscientizar a sociedade brasileira para o reconhecimento dos direitos indígenas e à preservação ambiental.

Por fim, a aluna Heloísa Moreira afirma que a sede de mudanças em meio ao caos foi um dos tópicos abordados por Walamatiu que a mais despertou em relação aos ocorrentes problemas na sociedade e que vê nele um grande exemplo de persistência e luta em prol de uma melhor qualidade de vida.