domingo, 17 de maio de 2009

Um dia qualquer na SuperVia II


- ai, miu Deus o treim ja ta partino!

O homem corre o mais rápido que pode. O trem apitava freneticamente, preparando-se para fechar as portas. Ele chega a tempo. Da distância em que estava, deve ter batido o recorde do Usain Bolt.
 
- grassas a Deus! se num tivesse ovido o apito ha tempo...
 
O trem abre as portas. Do alto-falante, sai uma voz pálida:
 
- Senhor passageiro, por favor, faça o favor de desobstruir as portas. O senhor só está atrasando os outros passageiros e toda a composição.

 

As portas fecham novamente. Os passageiros esperam ansiosos para partir. Alguns estão tão cansados que dormem feito pedra. As portas abrem e a mesma voz repete o que disse antes, palavra por palavra. Parece um robozinho.
 
- puta que paril! se eu ve esse cara juro que eu matu ele! - disse um dos passageiros.
 
As portas fecham mais uma vez. O trem finalmente parte. Parece que ouviram as vozes.
 
Durante a viagem, alguém reconhece o homem:
 
- o tião!! fala aí brotee!! belesa?
- ah estamus ai jão estamus ai...
- estamus ai nada seu time e muimto ruin!! um dos tres veses visse pru Framengo!! anu q veim acaba ne?
- ha-ha se é taum engrassadu cara (fia da puta!!) !
- como seu time perdeu pru meu? teim um time taum bão!
- ah, mim fassa um favo!? num fala mais disso! o Botafogo eh foda! Cempre vassila nos momentus mais nessessarios! Mais tem tambem os centrus que trabalham todo jogo ha favo do Framengo e...
- Ahhh!!!
 
Plaft! Alguma coisa caiu lá fora do trem. Parecia um bicho.
 
- meu Deus! uma pesoa torpetou da porta! - gritou uma passageira.
- isso eh um abissurdo! como pode agente andarmos num treim seim seguranssa?- revoltou-se outro passageiro.
 
Todos no vagão ficaram quietos, exceto uns quatro que continuaram a reclamar. A maioria parecia aceitar o que acontecera; afinal, não tinha sido com eles ou ninguém próximo. Era só qualquer um. Qualquer um que jamais terão uma oportunidade para conhecê-lo.
 
Após algum tempo, as vozes guerreiras enfraquecem. O protesto dá lugar ao consentimento, também chamado “um minuto de silêncio”. Todos estão calados. O trem, porém, não está nem aí; sacode de um lado para o outro, fazendo muito barulho. O trem continua em movimento. E o corpo, no chão.
 
Jão, então, resolve cortar o silêncio:
 
- o tião se já vil quem ta vino pru Framengu?

7 comentários:

Anônimo disse...

Então... eu serei a primeira a comentar: boa crítica!!!! Só quem vive nessa situação sabe o quanto é difícil... Hn

Cássia disse...

Assim... bem feito pra quem cai, de boa. Ninguém manda segurar porta. Também não tenho pena de quem leva porrada o guardinha. Gostei do Blog, a propósito *-*

Beijo, Dieguito =D

Daniel Iserhard disse...

Tu sabe q eu não sou do rio, mas deu pra entender bem esse teu post, basta ver a Globo

(isso é bom?)

E sim, aquele meu post fui eu quem pegou o flagra, se já tem em outro blog eu nem posto, sabe como é, plagiar não eras!

abraço!

Anônimo disse...

boaaa criticaa (;


www.splinterowned.com

Sucesso

James Almeida disse...

O que seria da crônica sem crítica e o que seria da crítica sem a crônica. :P

Bem! O Twitter é um grande aliado na divulgação do blog. Uma pesquisa afirma que cerca de 90% das pessoas que têm Twitter, clica nos links que postamos lá.

Abraço!

Aninha disse...

Estive esses dias no Rio e vi como é a coisa de perto... Muito bom seus texto!

Obrigada pelo toque, ja corrigi meu erro lá ;)

Bjokas

James Almeida disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Adorei a tirinha. :P

Abraço!